John Battelle, autor bastante conhecido sobre o Vale do Silício, fez uma publicação interessante que mostra como o Google pode enfrentar o momento mais crítico de sua história.
Em seu ponto de vista, ele destaca que a gigante de Mountain View irá enfrentar sérios desafios com a chegada do ChatGPT e a possibilidade de que esta tecnologia seja usada em exclusivo pela Microsoft.
A empresa de Redmond teria negociado o direito de integrar o ChatGPT ao Bing como parte de seu investimento de US $ 1 bilhão em 2019 na OpenAI. E isso pode ser apenas o começo.
A Microsoft já está reformulando as versões anteriores da tecnologia OpenAI para clientes corporativos, e ainda acho que a empresa é onde a Microsoft acabará aproveitando ao máximo sua parceria com a OpenAI. Mas esta notícia me deixa pensando – o que o Google fará a seguir?
John Battelle
Se olharmos para o Google hoje: seu mecanismo de busca e suas ferramentas para empresas são um sucesso absoluto.
Parece totalmente improvável que qualquer mudança no mercado afete o grande oráculo a ponto de derrubá-lo.
Não é algo novo na história da tecnologia. Quem não lembra do líder Yahoo! desprezando novos motores de busca, pois confiava que estava no caminho certo?
É fato que o Google não está parado, mas temos visto poucos movimentos da empresa criada por Larry Page e Sergey Brin em mostrar o futuro da busca.
Isso poderia acontecer ser por meio de novas tecnologias ou até mesmo aquisições. Essas movimentações deixam claro que os gestores tem um olhar para frente.
As parcerias apresentam um dos enigmas estratégicos mais consistentes nos negócios. Filosofias inteiras são construídas em torno de como as empresas respondem à ameaça competitiva – devemos construir ou devemos comprar? Devemos fazer parceria ou devemos competir? Frequentemente, empresas com claro domínio do mercado – como o Google nas buscas – se recusam a fazer parcerias, certas de que possuem escala técnica e comercial para derrotar novos entrantes no mercado. Em outros casos, empresas maiores farão parceria por um tempo e, em seguida, construirão sua própria tecnologia a tempo (Apple e Intel vêm à mente).
John Battelle
No caso, é fato que o Google perdeu o “bonde” de neutralizar potenciais competidores.
Uma parceria estratégica com a Open AI teria garantido um futuro mais tranquilo, mas agora começa a acender uma “luz vermelha” na sala do CEO, Sundar Pichai.
É claro que toda essa “preocupação” com o futuro se dá na crença de que pesquisa conversacional seja o futuro da busca e ainda: supondo de que o Google não tenha uma ferramenta tão sofisticada quanto o ChatGPT.
Mas talvez o problema esteja na mudança de comportamento que isso poderá ocasionar. Uma busca que responde diretamente aos usuários pode ser muito mais difícil de vender publicidade do que as atuais páginas de resultados.
Para a Microsoft, por outro lado, que tem uma busca pequenina, tentar novas abordagens pode ser algo importante e sem danos aos seus negócios.
Para o Google, uma mudança brusca pode colocar toda a história de sucesso no passado.
Para a Microsoft, suponho, não há muito a perder em tentar algo radicalmente novo. Seu negócio de buscas tem menos de um décimo do tamanho do Google. Para o Google, no entanto, é fundamentalmente arriscado apostar tudo em uma nova abordagem – a maneira antiga é simplesmente ganhar muito dinheiro. A empresa enfrenta o clássico Dilema do Inovador – e será divertido ver como ele responde este ano.
John Battelle
Para quem é fã do Google, o ano de 2023 promete ser tenso.