São muito poucas empresas no mundo que, um dia, chegam a possuir USD$ 49 bilhões em caixa. A Google é um exemplo. Dentre elas estão a Apple (em torno de 100 bilhões) e Microsoft (50 bilhões).
A Microsoft, via Bill Gates, já faz intensas doações para obras sociais, com vistas a erradicar a fome e as doenças no mundo. Com efeito, o trabalho da Fundação Bill e Melinda Gates é um dos mais belos e importantes no campo da filantropia hoje no mundo.
Não conheço as iniciativas finantrópicas da Apple, pelo que não os referencio.
A Google Org também tem feito importantes iniciativas de filantropia. Isto é relevante, mas não é tudo. Há um esforço, que a Google precisa fazer, por se tratar de sua responsabilidade social e política de maior buscador da Internet.
Trata-se da defesa da imprensa livre.
Eu explico a minha posição.
A liberdade de imprensa e, como corolário, a existência de órgãos de imprensa com capacidade de se sustentarem por meio da geração de publicidade paga por anunciantes privados, sem a necessidade de nenhuma publicidade oficial, é um dos pilares do Estado Democrático de Direito. Não que os Estados sejam fundados, tendo como órgãos empresas jornalísticas, porque, quando isto ocorre, fatalmente estamos diante de casos de regimes autoritários e países de baixo índice de desenvolvimento.
Por outro lado, em países onde a imprensa é livre e sustentada por publicidade privada, via de regra temos democracias fortes, com alternância real de poder, respeito ao voto popular, baixo índice de corrupção e elevado índice de desenvolvimento econômico.
Nos países onde a imprensa e formalmente livre, mas depende ainda de publicidade oficial para se manter, temos, em regra, regimes democráticos, mas com instituições fracas, tentativas reiteradas de detentores dos três poderes de retrocesso político-institucional e elevado índice de corrupção. Basta ver o exemplo do Brasil, onde poucos órgãos de imprensa são realmente independentes e as consequências estão aí para todos nós vermos e sentirmos, com consequências nefastas para no nosso desenvolvimento econômico e para a educação de nossas crianças.
Acontece que o advento da Internet e, como corolário, dos buscadores (Google, principalmente) está matando a imprensa livre. Isto porque antes da Internet somente os órgãos de imprensa podiam publicar notícias e, portanto, detinham quase o monopólio da publicidade dirigida ao público, que procura notícias. Com o advento da Internet, porém, qualquer pessoa passou a poder divulgar informações (verdadeiras ou não) para o mundo, o que retirou a fonte de sustento da imprensa. Isto, sem dúvida, democratizou o acesso aos meios de divulgação de informação, mas, por outro lado, está destruindo quem realmente produz a verdadeira notícia.
Temos que considerar que a notícia é escrita por jornalistas, que a pesquisam com fontes, que às vezes, somente eles conhecem. A Internet é a fonte primária do blogueiro. Ela não é a fonte primária do jornalista. Este procura notícia com quem realmente detém a informação.
Para conseguir isto, o jornalista, às vezes precisa ir para zonas de guerra (muitos perdem a vida), entram em zonas de tráfico de drogas (que saudades do Tim Lopes!), se embrenham em quadrilhas de corruptos, de homicidas etc. Nunca vi nenhum blogueiro fazer isso, até porque isto custa muito caro.
Produzir notícia de verdade consome tempo, experiência, e checagem das informações com várias fontes. Tudo isto representa dinheiro.
Nós blogueiros não precisamos pagar esta conta, porque pesquisamos tudo isto na Internet, depois que os jornalistas fizeram o trabalho sujo e pesado. Nosso trabalho é apenas compilar e depois faturar a publicidade junto com as agências on-line, entre elas, a Google.
No entanto, se deixarmos morrer as empresas de jornalismo, morreremos também nós os blogueiros, porque não teremos mais notícias para ler e, depois, copiar.
Uma das mais importantes e tradicionais empresas de jornalismo, que estão em dificuldades financeiras, porque a Internet está destruindo o seu mercado é o The New York Times Company, que inclui o próprio jornal homônimo, o The Boston Blobe e o Herald Tribune. O The New York Times é considerado simplesmente o melhor jornal do mundo em função de sua independência jornalística e do cuidado como trata a notícia. No entanto, a continuar a perder verbas publicitárias para a Internet, com vem acontecendo nos últimos anos, vai, fatalmente, falir.
O mundo precisa decidir então, se quer viver sem o The New York Times.
Eu, como cidadão, que presa a democracia, não quero viver em um mundo sem um jornal do quilate do The New York Times.
Como salvá-lo, então?
Simples, quem o está matando, deve pegar parte de seus imensos lucros, e injetar na The New York Times Company, fazendo um acordo de acionistas, de forma a que a família controladora continue no controle e que o novo sócio não tenha nenhum direito à gerência da instituição. No máximo, direito a uma cadeira no Conselho de Administração.
Sim. É dever da Google injetar pelo menos USD$ 1 bilhão no The New York Times, para ajudar a salvar a liberdade de imprensa, sob pena de, não o fazendo, permitir que a própria Internet, no futuro perca sua própria liberdade. Caso queira saber o que pode vir a acontecer com a Google, se ela não fizer isso, basta olhar hoje o exemplo da dupla China-Baidu. Isto dispensa maiores considerações.
O leitor que concordar com esta opinião, por favor, entre nesta corrente, para pedir à Google que cumpra esta obrigação social.
PS: não sou acionista de nenhuma das empresas aqui referidas.
14 Comentários
Discordo totalmente. O The New York Times está morrendo porque não soube se adaptar à nova realidade, e perder um jornal não significa o fim da imprensa livre. Isso simplesmente *simboliza* a queda de um antigo formato.
O “fim” da mídia convencional, com jornais e revistas impressos, é algo enorme, sem precedentes! Mas a ideia de liberdade de imprensa não morrerá junto. Há muitos portais de notícias por ai fazendo jornalismo de verdade, lucrando com publicidade e ainda investindo em mídias sociais para não ficar para trás.
Além disso, as empresas tradicionais de jornalismo, de modo geral, já migraram para internet; estão continuando seu trabalho, só que em um novo ambiente, mais dinâmico, mas interativo e com menos papel.
Outra coisa: pedir para a Google investir 1 bi em uma empresa que está morrendo pois não soube ou demorou para se adaptar, como outras fizeram, é como pedir para as primeiras empresas de telefonia investirem em produção de telégrafos.
Até onde sei a apple não da a minima para filantropia – Jobs simplesmente não se preocupava com esse tipo de coisa. Ja a MS e o Google de fato estão auxiliando em coisas reais, isso é ótimo.
Fora isso tenho de concordar completamente com o Leo.
A função do google é ser google – dar lucro naquilo que ele sabe fazer e não manter midia antiga viva simplesmente por nostalgia.
1- Empresas incompetentes devem falir.
2- O Google deve buscar lucro, e não ser salvador de ninguém. Ele já tem problemas demais com um concorrente que está atraindo grande parte do tráfego da internet e logo se tornará um rival à altura ou superior.
3- O Times deve buscar solução para os seus problemas, reduzir custos, mudar o foco… Se o conteúdo for de qualidade os anunciantes e assinantes virão. Talvez abandonar ou reduzir drasticamente o Times em papel seja inevitável.
4- O Baidu é líder na China porque apresenta os melhores resultados. Infelizmente todos os sites de busca que atuam na China são censurados, inclusive os estrangeiros, mas não é por isso que o Baidu é líder, ele é líder pela qualidade.
Sinto mas pra mim essas empresas estão falindo porque ainda vivem na era Jurássica, esse é o ponto, empresas assim vivem de jornal impresso, é a mesma coisa você dizer que as produtoras de filmes e musicas estão falindo e devemos deixar de piratear menos cds, não que isso não seja o certo mas não tem como, é se adaptar. Duvido muito mesmo que esses grandes jornais estão falindo por causa de publicidade, o ganho majoritário deles não vem disso. Apenas não se adaptaram, assim como grandes estudios de musica que não se adaptaram na nova forma de consumir conteúdo. Se falirem, foi por pura incompetência, só os bons sobrevivem, essa é a realidade de um mundo capitalista.
Concordo com os comentários que dizem que está empresa não se adaptou e de certa forma ficou acomodada achando que como estava no topo não podia sofrer nada.
Acredito que ainda de tempo para ela se adaptar e conseguir se reerguer aos poucos.
New York times, não sei…a única coisa que sei e tenho certeza é que a imprensa no brasil é marrinzíssima! todas comprometidas e muitas de políticos! Não tenho certeza se apoiaria a sugestão…
Gente, Sou um defensor da Internet, mas não posso ficar cego ao problemas gerados pela nova mídia eletrônica. Internet não gera conteúdo de qualidade, seja notícia, seja música, seja dramaturgia. Se não nos atentarmos para a necessidade de financiamento real para estes meios de produção de conteúdo, a Internet os matará. E não será em função de incompetência administrativa de seus diretores, mas porque atacados pela pirataria, que é predatória. No que tange à relação da Baidu-China, em contraposição à relação Google-China, a vitória da primeira não é porque a primeira é mais eficiente, mas porque na China a competição não se dá de acordo com as regras de mercado, mas com as imposições do Governo. Aliás, o mesmo acontece na Rússia, onde a Yandex é protegida pelo Kremlim. O único mercado, onde a Google perde por ineficiência é na Coréia do Sul. Os portais de Internet não produzem conteúdo de qualidade. Antes, apenas reproduzem “realises” escritos por jornalistas contratados por interessados na divulgação de alguma informação e grande quantidade de “posts” pagos. Isto não é notícia de verdade e grande quantidade. Em alguns casos, reproduzem notícias, mas escritas por agências de notícias. Estas precisam ser preservadas, porque produzem conteúdo, mas não são suficientes para garantir a liberdade de imprensa. Estamos em um momento de inflexão, na qual deveremos escolher os nossos caminhos. Podemos escolher se teremos imprensa livre e notícia de qualidade ou mera boataria e pirataria. Em outras palavras, precisamos decidir se queremos defender um dos pilares da democracia, ou se não nos importamos com ela. Temos o direito de escolher.
@RomulodeAraujoMendes A liberdade de impressa é algo indiscutivelmente importante para manutenção de uma democracia, e deve sempre ser preservada. Eu não consigo entender o seu argumento de que a internet não será capaz de manter essa liberdade.
Trata-se de um novo formato. Tudo bem, como eu já disse, é uma revolução, mas os princípios permanecem.
Outra coisa: a internet é sim capaz de gerar conteúdo! Porque pessoas e empresas é que geram conteúdo e para onde e por onde vai esse conteúdo é uma questão de escolha de quem produziu. Adiciono aqui que o meio digital é muito mais eficiente quando se trata de espalhar e compartilhar conteúdo: é mais rápido, mais barato e menos suscetível à corrupção e censura.
Espere mais alguns anos e você verá o abandono não só das mídias impressas, mas da TV e do rádio, o que não quer dizer que filmes, novelas, podcasts e, é claro, jornais vão parar de ser produzidos; continuarão, mas serão distribuídos em um novo ambiente.
Quanto ao Google, bem, acho que uma empresa de buscas não tem nada haver com isso. Google é simplesmente um símbolo da internet e do poder desse novo meio, não está matando ninguém e não deve nada à ninguém (especialmente a nenhum governo).
OK Romulo, quero a impressa livre. Mais: justa e imparcial, que considero parte dos mesmos pileres. Utopicamente, sonho em ela ser relevante ao que acontece de importante na sociedade logal e global que vivo.
Moro no Brasil, e portanto pergunto: quando que ela vai comessar mesmo?
Romulo, o Times é gigante. Sua importância para os eua também. Antes de aceitar sua sugestão tenho algumas reflexões : Algum jornal sobreviverá ? Alguém está conseguindo sobreviver neste mercado ?
Mês passado o OGlobo lançou uma edição vespertina para o ipad e só a vende por assinatura. Será que vai dar certo ? Será que o Times não se perdeu por não encontrar a forma de falar com o novo público ? Porque um garoto de 16 anos tera vontade de abrir o Times ?
Uma besteira gritante. Primeiro que a imprensa não é tão livre como se pensa. Nos USA por exemplo houve um arsenal de mídia em prol de uma guerra; e quem diz que os patrocinadores não pautam a imprensa? já que voce supõe que quando o governo financia manda no jornalista? Como contra exemplo(já citei o caso americano nas guerras) temos a BBC que é publica e notoriamente independente(não por completo) e nessa mesma Inglaterra vimos o exemplo de Murdoch que tinha mais influencia do que deveria sobre o governo. Temos o caso do Brasil onde também grupos se aliam para impor seus credos e desistabilizar governos ou camuflados de imparciais, penderem os eleitores como no caso nos casos de Brizola(pro consulte) e o famoso debate editado da Globo em 89.
O mercado tem de ditar a regra se o NY Times nao consegue sobreviver, os jornalistas serios conseguirão sobreviver afinal estão no pais do empreendedorismo e quem lucra com mais com super coorporaçoes sao seus acioanistas, nao os jornalista.
PS:. A internet não matou nada, a não ser os que não se adaptam aos novos tempos. Individuo esta com muito mais poder agora só basta essa geraçao aprendar a usar melhor e veremos esses que estão acumulando sem parar e mandado no mundo se enfraquecer. Veja o caso do wikileaks só com doações conseguiu furos que nenhum jornalista teria acesso.
Cara, na boa mesmo, você tá viajando na maionese. Se um negócio não é mais capaz de se manter deve mesmo é falir! Isto faz parte da evolução da sociedade e suas instituições. Durante toda a história mercados, produtos, empresas, ideologias, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, foram bons e interessantes durante um tempo (o tempo certo) até que algo melhor (ou mais dinâmico ou mais eficiente ou tudo junto) surgiu e canibalizou o mercado obsoleto. É assim que barcos a remo foram substituidos por barcos a vapor, os a vapor por barcos a combustão, os a combustão por submarinos nucleares… é assim e será assim em todos os setores.
Antigamente pensava que essas doações de dinheiro iriam para os famintos do mundo… hoje eu dia eu sei que é apenas uma forma de não pagar impostos. Bill Gates por exemplo, doa 1% do “LUCRO” dos investimentos de sua instituição. Ou seja, paga muito menos imposto do que quem escreve essas sandices.
Tu quer dizer que o 7º maior filantropico do mundo está na realidade tirando vantagem… e em sua vida deixou de pagar 34 BILHOES DE DOLARES em imposto, quando usou esse valor para caridade?
Cara, na boa, se tu pensa que doar é apenas uma forma de sonegar impostos, beleza. Tem muito que faz isso. Mas acredite, existem várias pessoas que pensam na humanidade, teu preconceito é injusto.
http://online.barrons.com/article/SB125935466529866955.html#articleTabs_panel_article%3D1