A Google anunciou no último dia 11/04/2011 o investimento de USD$ 168 milhões no projeto de energia termo-solar desenvolvido pela BrightSource Energy, no Deserto do Mojave, na Califórnia, que, quando pronta, produzirá 392 MW de eletricidade.
Esta usina é interessante porque não usa células fotovoltaicas, mas espelhos, que refletem a luz, e via de consequência, o calor do sol, para uma grande torre, onde fica armazenado um líquido, o qual, quando aquecido, gera vapor e aciona uma turbina, produzindo eletricidade. A tecnologia não existe apenas nos Estados Unidos, mas também na Europa, em especial na Espanha.
Quando vi a notícia, pensei logo na política brasileira de produção e distribuição de energia elétrica.
O Brasil passa por um momento de grandes transformações, que se iniciou com o processo de estabilização da moeda e teve continuidade nos anos seguintes. No entanto, este processo de crescimento depende da produção, transmissão e distribuição de grandes quantidades de energia elétrica, que todos nós desejamos sejam geradas por fontes limpas, seguras e renováveis.
Nos próximos 10 anos, ou menos, o consumo nacional de eletricidade deverá dobrar e, de forma a evitar um grande apagão, grandes investimentos deverão ser feitos.
É natural que o Governo pense em grandes projetos hidrelétricos, notadamente nas bacias de maior potencial e ainda não exploradas. Neste contexto, mais que natural o Governo pensar no complexo do Rio Madeira (em construção), na polêmica usina de Belo Monte, no Rio Xingu (já licitada), no complexo do Rio Tapajós (que será licitado em breve) e em outros projetos, tanto na bacia amazônica, quanto em outras bacias dentro e fora da Região Norte, porque a capacidade de gerar grande quantidade de energia a um custo baixo é enorme e não pode ser desprezada por quem administra um problema de tamanho vulto.
A grande crítica que se faz é que o Governo investe muito em hidrelétricas e se esquece de outras formas de produção de energia elétrica limpa, que são mais caras, é verdade, mas são complementares ao aproveitamento hidrelétrico e não podem ser desprezados, sob pena de faltar energia. Assim, em um futuro não muito distante, o Brasil precisará investir pesado em energias eólica, solar, maremotriz, geotérmica e até na hoje demonizada energia nuclear. Somente não poderemos mais investir em térmicas a carvão ou outros combustíveis fósseis, porque não há combustíveis fósseis limpos.
Dentre estas, a energia eólica é, disparadamente, a mais promissora, seja porque seu custo já é a mais barata entre as formas de energia, exceto a hidrelétrica, seja por causa da grande quantidade de vento existente no Brasil. Para se ter uma idéia, os Estados de maior incidência de ventos no Brasil são Ceará, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Minas Gerais está longe de ser um “grande produtor de ventos”. Mesmo assim, estudos da CEMIG apontam que apenas nas serras mineiras é possível produzir tanta energia elétrica com a força dos ventos quanto 3,5 vezes a Usina de Belo Monte em sua potência total e 2,5 vezes a potência da Usina de Itaipú, esta a segunda maior hidrelétrica do mundo.
E a vantagem das eólicas é que, geralmente, quando tem vento, não tem muita chuva e vice-versa, ou seja, são complementares às hidrelétricas.
Quando chego no Rio Grande do Norte ou no Ceará, imagino uma turbina eólica em cada terreno desocupado. É um enorme desperdício de energia.
Mas imagino também o enorme desperdício de energia solar, que estamos fazendo. Temos sol em todo o Brasil, durante todo o ano. Poderíamos ter pequenas usinas como esta Ivanpah Solar por todo o país. Haveria, certamente, um gasto maior na produção da energia, mas haveria uma grande economia na transmissão, com poucas perdas de eletricidade neste processo, ao contrário das grandes hidrelétricas.
No final, estas usinas termosolares, que devem custar menos que as fotovoltaicas, talvez custassem o equivalente às pequenas centrais hidrelétricas ou às térmicas a biomassa e muito menos que as atômicas.
O Brasil precisa ver este exemplo e pensar nesta tecnologia para um futuro próximo. Afinal, o crescimento do país depende de grandes quantidades de eletricidade, que deverão ser produzidas por fontes limpas e não podemos nos mirar apenas em uma fonte produtora, sob pena de barrarmos o desenvolvimento.
2 comments
Não entendo por que o (s) governo (s) não investem em duas formas de obtenção energética tão importante quanto as eólica, solar: a energia geotérmica e até mesmo a energia que se pode obter por meio das marés.
Esse modelo do Google, para mim, foi surpreendente, mas podemos investir também em energia limpa por meio destes dois modelos citados..
Sou morador do RN, moro no semi-árido potiguar terra de muito Sol o ano todo. 80% do ano o Sol é de rachar pedra, e ninguem daqui se movimenta pra buscar aproveitar a capacidade energetica desse setor