Fontes ouvidas hoje pelo The Wall Street Journal dão como certo o anúncio para as próximas semanas de um acordo entre a Google e a operadora de telefonia celular Verizon, com vistas a transformar a gigante de Montain View na fornecedora oficial de serviços web para os usuários daquela que é a segunda maior operadora dos EUA. Nos termos do contrato, a Google dividiria a receita publicitária. Ainda há detalhes sendo discutidos, como o desejo da Google de gravar as informações de pesquisas dos usuários móveis, o que é esperado, porque isto interfere nos próprios resultados do Google Search.
A Microsoft teria tentado fazer o mesmo negócio, mas os termos do acordo com a Google teriam sido mais interessantes para a Google.
A gestão do serviço seria feita pela startup Medio Systems Inc., que já cuida disso para a Verizon. Eu, particularmente, não me espantaria se tornasse a próxima aquisição da Google, porque ela atende também à T-Mobile e à Sprint. A primeira, tem sido apontada como a lançadora do HTC Dream, o primeiro celular com Android. (Este GPhone não me sai da cabeça!). Já a Sprint é velha parceira da Google, com a qual já está fazendo uma rede WiMax e já presta serviços aos que prestará à Verizon.
A importância deste acordo está no fato de que o mercado de buscas em computadores está se estabilizando, exceto em três mercados específicos: África, Rússia e China. Nestes dois últimos, inclusive, verifica-se um fenômeno, que a Google não está conseguindo vencer: motores de busca locais (Yandex e Baidu, respectivamente) são mais poderosos que ela, chegando ao extremo de a Baidu ter passado a Microsoft e se tornado o terceiro buscador mundial.
Está cada vez mais claro que a guerra pelas buscas migrará para os celulares, ou melhor, para os smartphones. E neste campo, quem estiver melhor posicionado, tomará a dianteira. As buscas em celulares ainda atraem pouca publicidade (apenasUSD$ 244 milhões), mas crescerão demais com a chegada do iPhone em paises , onde a densidade de computadores é pequena, a dizer, África, Rússia, China, Índia, Brasil e alguns outros países da Ásia. As pesquisas mostram que quem usa iPhone, pesquisa na Internet muitas vezes mais que quem usa outros celulares.
Isto deverá se repetir com quem vier a usar aparelhos com Android, que terá funcionalidades similares. Desta forma, se a Google conseguir firmar a maioria dos acordos de colocação de serviços da empresa nos celulares fornecidos pelas grandes operadoras, fatalmente vencerá a guerra pela conquista do mercado de buscas por meio de aparelhos móveis. E se fizer isso na China e na Rússia, passará a audiência daBaidu e da Yandex.
Deve-se salientar que nesta guerra o iPhone, antes de ser um concorrente, é um poderoso aliado da Google. Afinal, a Apple vende máquinas, enquanto a Google vende serviços de publicidade. O GPhone (ou Android, se você preferir) virá aqui como um complemento de peso. É claro que dentro de acordos como este deverão entrar acertos para a venda destes aparelhos. E, neste sentido, você poderá estar certo de que os smartphones com Android irão ser um verdadeiro sucesso comercial, sem, necessariamente, diminuir o mercado do iPhone.
Agora, vendo tudo retrovisor, como foi interessante a estratégia da Google para o leilão da banda de 700 Mhz nos EUA. Ela entrou para perder, correndo o risco até de vencer sem querer, apenas para fazer valer a regra de que todas as empresas vencedoras terão que usar sistemas abertos (leia-se: Android ou similares). Pois bem, a Verizon já está prestes a adotar. Acho que, em breve, até a AT&T, que é “fechada” com a Apple também terá que aderir, mesmo que contra a vontade. E as operadoras que adotam sistemas operacionais fechados (Windows Mobile, por exemplo), provavelmente também terão que aderir, o que representará um pesado golpe a todos os sistemas de código fechado.
Em tempo: a Verizon pertence à Vodafone, uma das maiores empresas de telefonia celular do mundo. Será que o acordo se estenderia a todo o grupo?