Desde os primórdios da hoje gigante da Internet, a Google investe em pesquisa genética, aparentemente, visando, num horizonte de longo prazo, obter informações científicas úteis ao seu negócio. Quanto a isto, David A. Vise e Mark Malseed (Google, A História do Negócio de Mídia e Tecnologia de Maior Sucesso dos Nossos Tempos, Ed. Rocco, RJ, 2007, págs. 314 a 326) afirmam que a Google possui um acordo de cooperação com geneticista Craig Venter, um dos responsáveis pelo sequenciamento do genoma humano.Mais recentemente, em maio, a Google fez um investimento da ordem de US$ 3,5 milhões na 23andMe, uma starup californiana, que tem como sócia Anne Wojcecki, mulher de Sergey Brin e como um dos investidores, segundo o GigaOm, a gigante da biotecnologia Genentech, produtora de fármacos para o tratamento de câncer, doenças imunológicas etc. O site da 23andMe não deixa muito clara a missão da empresa, mas há indícios de que ela busca uma forma fácil, rápida e barata de mapear o genoma de uma grande gama de pessoas (talvez a maior quantidade de pessoas possível) e encontrar, via um software, as suas ligações familiares e também suas inclinações ao desenvolvimento de doenças hereditárias.Diante disso, concordo com Kevin Kelleher, do GigaOm, quando afirma que a ligação entre a 23andMe a a Google faz todo o sentido. Afinal, se os meninos de Mountain View pretendem organizar toda a informação da Internet, precisam também organizar a informação genética, que será, sem dúvida, uma importante informação em poucos anos.
Mais recentemente, em 12/09/2007, a Revista Forbes anunciou em sua versão online, que a 23andMe fez uma parceria estratégica (aparentemente buscando mais investidores), com a Illumina, empresa que produz equipamentos destinados à pesquisa genética.
Todos estes movimentos, associados ao conhecimento de que a Google lançará o Google Health, de que em seus planos estratégicos de médio e longo prazos estão a pesquisa genética e o suporte a diagnósticos médicos e a prescrições farmacêuticas individualizadas baseadas no genoma humano.
Diante de tudo isso, fico imaginando o dia no qual seria possível retirarmos uns poucos fios de cabelo ou um pouco de sangue de nosso corpo e enviarmos para a Google Health-23andMe, que faria o nosso sequenciamento genético (o que teria um preço módico ou poderia até ser gratuito, porque financiado por publicidade) e daria um acesso restrito dele a nós e ao nosso médico, para facilitar a busca de cura para doenças ou de novos medicamentos.
Será que veremos esse dia?
4 comments
Não acredito que o interesse da Google seja facilitar a busca da cura para doenças. Sabemos que o negócio da empresa é publicidade e que a missão é indexar todas as informações do mundo.
No cenário mais positivo, o interesse da empresa é saber através de seus genes seus interesses e inclinações para assim oferecer um conteúdo publicitário tão específico que nenhuma outra empresa conseguiria. Através dos genes, hoje podemos saber os cheiros que agradam uma pessoa, tendências a gosto alimentar etc.
Ter a carga genética das pessoas permite conhecer especificamente cada ser humano do mundo.
Douglas,
Eu concordo que o interesse da Google seja fornecer conteúdo publicitário personalizado. O que talvez eu não tenha conseguido me expressar bem foi que, para tanto, ela teria que prestar outro serviço, que seria ajudar a pesquisa médica também personalizada, porque, somente assim, conseguiria atrair a atenção do usuário/consumidor. Desta forma (e aí concordo contigo de forma plena) eles conseguiriam saber mais do indivíduo que qualquer outro buscador.
Muito obrigado pela correção.
Abraços,
Rômulo
Alguém ai assistiu àquele filme… “Epic 2015” acho, e junto com o outro filme anti-Google q eu vi…
não é uma boa notícia