No da 24 de agosto de 2007, o jornal indiano Redif News publicou que o GPhone (ou Google Phone) seria lançado em 15 dias. Nós repercutimos em primeira mão no Brasil (antes de toda a grande imprensa e de todos os blogs) esta informação, que nos parecia fidedigna, porque publicada por um jornal especializado em economia e que orienta os investidores em bolsas de valores. Quatro dias depois, o blog Crunch Gear publicou o que seria o protótipo do gPhone. Antes, em 3 de agosto, o respeitado IDG Now já havia publicado que a Google já revelara o protótipo para fabricantes. A partir daí, blogs e imprensa de todo o mundo marcaram até a data para o lançamento do produto (03/08/2007), feriado do Dia do Trabalho nos EUA. Até os jornais mais respeitados e cuidadosos do mundo com a veracidade da notícia (entre eles o The New York Times, o The Wall Street Journal e a Agência Reuters) deram a notícia. Este prazo (03/08/2007) não foi cumprido, mas as especulações não pararam.
Como de costume, a Google nada comentou, mas fontes não confirmadas de dentro de fabricantes teriam dito que a HTC e a Samsung poderiam estar entre os possíveis fabricantes. Alguns diziam que o início das vendas poderiam se dar ainda em setembro de 2007 e outros, no primeiro trimestre de 2008.
O que eu quero discutir aqui é fato de todos os órgãos de imprensa terem noticiado como notícia confiável algo baseado em rumores do mercado. Os blogs certamente estão se baseando em rumores e em fontes não confirmadas. E esta é a função dos blogs: buscar o primeiro rumor. Não é função do blog ser imprensa confiável. Quando queremos notícia feita por jornalistas profissionais e por empresas provedoras de conteúdo jornalístico, adquirimos o jornal ou a revista e pagamos por ele, porque sabemos que este foi até a fonte, buscou a notícia e depois a confirmou com outra (ou esperamos que ele tenha feito isso). Entretanto, o que este e outros episódios sugerem é que as empresas jornalísticas estejam deixando de checar suas fontes e passando a publicar rumores, o que não é sua função. E isto pode estar acontecendo até com os veículos mais respeitados do mundo, por simples questão de redução de custos.
A Internet mudou a forma de se fazer jornalismo no mundo, porque fez surgir a figura do blogueiro. Entretanto, eu, que nunca fui e não pretendo ser jornalista, quero que os bons veículos de imprensa continuem a existir e que continuem a praticar as velhas técnicas de reportagem, com vistas a garantir a veracidade da notícia. Em outras palavras: há o nicho dos blogs, que é mais informal e que assim deve ser encarado e o segmento das provedoras de conteúdo jornalístico, que deve ser mais formal, bem remunerado e feito por profissionais. Eu faço questão de pagar pelo trabalho destes profissionais, para que, depois de ler um rumor publicado num blog, eu possa encontrar um bom trabalho de reportagem feito por um jornalista.
Para terminar, voltando ao caso do Google Phone, pode ser que o único rumor errado tenha sido mesmo a data de lançamento (03/08/2007). Afinal, em 24/08/2007, o jornal Redif News publicou que o produto seria lançado em 15 dias. Ora, este prazo termina em 08/09/2007 e não em 03/09/2007, como noticiado por O Globo. Como 08/09/2007 é um sábado, seria razoável considerarmos um prazo correto o dia 10/09/2007, segunda-feira. Entretanto, mesmo que o gPhone seja apresentado oficialmente neste prazo, nada invalida o debate feito aqui.
3 Comentários
ness frase, seria a última data 2008??
“Alguns diziam que o início das vendas poderiam se dar ainda em setembro de 2007 e outros, no primeiro trimestre de 2007.”
Neto,
Muito obrigado pela nota. Acabo de fazer a correção.
Abraços,
Rômulo
Se este smartphone, for mesmo verdade, e a sua apresentação e consequente venda se suceder antes do iPhone.
O gPhone vai marcar a diferença pelo seu baixo custo e qualidade.
Só quero ver a resposta da Apple!