Afinal, o Google Phone será um software ou um hardware? Será mesmo?

Google Phone A imprensa de todo o mundo está fervilhando, nestas duas últimas semanas, com diversos anúncios (como de costume, não confirmados) do lançamento do GPhone (ou Google Phone, como queira), para a próxima segunda-feira. Muito se fala, mas pouco se sabe realmente sobre ele. O pior: nem se sabe se realmente ele virá.

Órgãos de imprensa e blogs independentes dos mais respeitados do mundo, tais como o The New York Times, The Wall Street Journal, Agência France Press, e-Week, Forbes, Computerworld – IDG, ZD Net, Crunch Gear, Hindustan Times, Exame Informática, O Estado de São Paulo, Frankfurter Allgemeine Zeitung, Corriere Della Sera, Times e outros noticiaram durante mais de 15 dias sobre o lançamento do Google Phone. Deram até uma data: 03/09/2007, segunda-feira próxima, feriado norte-americano do trabalho e afirmaram que este seria feito tanto nos EUA, quanto na Europa

Entretanto, com tudo que cerca a gigante de mídia, este esperado produto está cercado de mistérios. Alguns dizem que tudo não passa de mais um boato e que o Google Phone não deverá ser lançado. Outros dizem que será lançado, mas será apenas um sistema operacional. Uma terceira corrente diz que será lançado e constituir-se-á de sistema operacional e smartphone.

Em excelente “post” datado de 28/08/2007, o respeitado Danny Sullivan, do Search Engine Land, defendeu a tese de que a Google não lançará um telefone móvel, mas, no máximo, poderá apresentar nesta semana um sistema operacional ou ou software empacotado. Para ele, um aparelho faria sombra o iPhone e isto não estaria dentro da estratégia da Google. Colocou dúvida até na possibilidade de haver algum lançamento no dia 03/09/2007, quando demonstrou que já houve vários boatos sobre o GPhone e nenhum deles se tornou realidade.

Você, leitor, não tenha dúvidas de que a opinião do Danny Sullivan deve sempre ser levada em consideração, porque ele é muito bem informado. Entretanto, tenho motivos para crer que, desta vez, ele possa estar enganado, o que não é nenhum demérito, considerada a grande quantidade de vezes que ele já fez previsões acertadas. Em primeiro lugar, o que se tem dito de um hipotético aparelho celular Google Phone não competiria com o iPhone, porque seria menos sofisticado do ponto de vista de determinadas tecnologias embarcadas e, portanto, mais barato. É de se considerar sempre que a Apple é uma empresa de hardware, que se especializou no desenvolvimento de equipamentos com a qualidade de Ferraris e a Google é uma empresa de mídia, que aparentemente precisa ter um aparelho celular, para fomentar as pesquisas por equipamentos móveis. Assim, ambos os produtos nunca serão concorrentes, mas complementares. Ademais, por mais que tenha tido muitos boatos anteriores, este nunca foram tão consistentes, repetidos por órgãos de imprensa tão importantes e por tanto tempo e também ainda não haviam acendido a luz vermelha na concorrência, o que veremos mais tarde.

A maioria esmagadora da imprensa mundial aposta que nesta segunda-feira será lançado um aparelho telefônico especificado pela Google e com um sistema operacional com base Linux desenvolvido pela equipe da antiga Android. O Crunch Gear chegou a afirmar, em 27/08/2007, citando fonte interna da indústria, que o telefone seria construído pela taiwanesa HTC e que ficaria pronto no primeiro trimestre de 2008. Disse que a Sansung também forneceria o produto, que conteria Mapas, GPS, e-mail, calendário e Google Talk com VoIP.

Stephen Wellman, da The Information Week, é mais afoito. Já não questiona se haverá ou não o lançamento. Somente quer saber o que o aparelho terá. Ele quer saber se o telefone terá teclado QWERT, se será GSM ou CDMA, com acesso apenas pela rede celular ou também por Wi-Fi, se o Google Maps funcionará em tempo real com o GPS, se a Google tentará encaixar os vídeos do YouTube em seu telefone e se funcionará apenas em redes 3G, também na 2,5G. São todas perguntas instigantes. Eu acho que terá um teclado, seja porque isto torna mais barato um produto destes, que não teria que ter um teclado sensível ao toque, o iPhone, seja porque o usuário de buscas precisa ter uma forma de teclado, seja porque, vendo os modelos da HTC, pude observar que muitos possuem teclado QWERT. Acredito que, para atender a todos os mercados desejados pela Google, o GPhone ou teria que ser ao mesmo tempo GSM/GDMA, ou teria que ter modelos com uma tecnologia ou outra. Afinal, somente para se ter uma idéia, a GSM é dominante na Europa e a CDMA, nos Estados Unidos. Mas isto é um problema menor. Acredito ele terá dupla forma de acesso, pela rede celular e por Wi-Fi. Afinal, o iPhone, parece que já tem e que o Blackbarry deverá ter em breve. Não fosse isso, é política da Google ter redes de comunicação abertas, porque isto facilita o seu negócio de buscas custeadas por publicidade. Quanto ao YouTube, terá, necessariamente, que estar integrado a este produto, desde que seja pela rede 3G, a única que consegue receber tamanha quantidade de dados. Quanto às redes aptas a recebê-lo, estou ciente que a prioridade serão as 3G (eventualmente, até a 4G – o Japão e a Coréia parece que já estão testando). Entretanto, este telefone terá que ir para os países em desenvolvimento e até a África (que precisa desesperadamente ser integrada ao mundo da Internet), onde hoje, no máximo há redes 2,5G. Talvez eles criem uma forma de acesso restrito para estas redes.

A mim parece bastante possível que esta versão seja verdadeira, mesmo que o aparelho ainda não esteja à venda nesta segunda-feira, não estando a HTC pronta a produzi-los agora. Afinal, a Google é uma empresa de mídia baseada em buscas na Internet. Vale lembrar que as buscas de Internet serão cada vez mais feitas com aparelhos móveis. A Google está tentando criar uma empresa de telefonia móvel nos Estados Unidos para o início de 2008. Por último, a investida da Microsoft, que se afigura, para comprar a RIM Blackberry sugere uma verdadeira preocupação com a chegada do iPhone e do GPhone, como bem lembra o Le Figaro.

Por final, quero apenas fazer uma pergunta, que já pode até ter sido feita por alguém, mas que eu ainda não li: será que na estratégia da Google estaria embutida, além do lançamento do Google Phone e criação de uma empresa de telefonia móvel, o fornecimento (inicialmente nos Estados Unidos) de aparelhos telefônicos ou de serviço de telefonia móvel parcial ou integralmente subsidiados por publicidade advinda de buscas?

2 comments
  1. Quem diria! Amanhã é dia 3 de setembro e teremos a esperada resposta se o Google Phone vai nascer ou apenas mais um enorme rumor sobre a Google!

    Eu particular mente torço para além de um serviço inovar, o Google Phone também tenha uma aparelho inovador, mas se não tiver, o iPhone com certeza abrangerá as novidades da empresa de Mountain View.

    Rômulo, parabéns pelo excelente post!

  2. Cara Beatriz T.,
    Muito obrigado pela leitura e pelo comentário. Espero que continue a ler nossos “posts”.
    Abraços,
    Rômulo

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