A China é o novo eldorado planetário. Não por ser o mais rico, mas por ser o mais populoso e por possuir o maior potencial de crescimento do PIB e, portanto, a maior oportunidade de negócios. Não pensem, entretanto, que a China é um local de fácil investimento para as empresas ocidentais. Antes, muitas amargam grandes prejuízos neste país.
Um grande exemplo de dificuldades de conquista deste mercado potencial, vemos acontecer no caso das buscas de Internet. Enquanto em quase todo o mundo este serviço e largamente liderado pela Google e seguida pela Yahoo! e pela Microsoft. No caso da China, ao contrário, temos a pequena Baidu, com cerca de 58% das buscas, seguida de longe pela Google, com cerca de 22%, pela Yahoo!, com aproximadamente 11% e a Microsoft, logo após, cujo percentual preciso de mercado eu não consegui apurar. Devemos considerar que este é o segundo mercado do mundo, perdendo apenas para o dos EUA e que os investimentos de todos os buscadores (principalmente Google) estão sendo em massa. Mesmo assim, não conseguem reverter o quadro. A pergunta que não quer calar é: por que isto ocorre?
Esta é uma pergunta que comporta muitas respostas, todas complementares.
Em primeiro lugar, a cultura chinesa é muito diferente da ocidental e, por isso, os grandes buscadores ocidentais têm muitas dificuldades em adaptar os seus produtos à realidade local. A Google China, por exemplo, contratou o executivo Kai-Fu Lee e lhe deu total liberdade de ação, para tentar reverter o quadro.
Outro problema é o da estrutura local de negócios, muito ligado aos clãns e à forte burocracia chinesa, o que dificulta a ação de empresas de capital aberto, porque confere muito pouca ou quase nenhuma transparência ao ambiente de negócios. Isto afeta negativamente a todas as empresas ocidentais, que vão para a China e, ao contrário, ajuda as empresas locais, como a Baidu.
Há também o problema da total informalidade da economia local, que permite entre outras coisas, o comércio eletrônico de músicas sem pagamento de direitos autorais. Isto é feito largamente pela Baidu e atrai grande tráfego para seu site, mas não pode ser feito pelos grandes buscadores, porque este serviço não pode ser reproduzido fora da China.
Por final, temos o maior e mais impactante dos problemas: “o grande firewall chinês”. Trata-se de um eufemismo para o maior e mais complexo sistema de controle de conteúdo da Internet já montado por um Estado. Para poder operar na China, todos os grandes buscadores tiveram que submeter a eles, cada um com seu grau de comprometimento, seja pela lentidão (Google), seja até por enfrentar processos, em face de ter cedido às pressões do governo chinês e a ele entregue informações pessoais de internautas (Yahoo!). A Baidu, por sua vez, mantém seu site dentro da China e se submete a todo tipo de controle do Estado Chinês. Isto faz com que seu site seja o mais rápido dentre os buscadores. Por outro lado, é, de longe, o mais inseguro para o consumidor e cidadão chinês. Logo, a Baidu é a mais “evil” de todas.
Curiosamente, os números da audiência parecem mostrar que os chineses estão tão acostumados com o controle estatal sobre suas vidas, que preferem a rapidez a uma segurança maior de seus dados contra a grande força do Principe.
Por final, você poderia me perguntar: o recurso para a Google crescer definitivamente na China, não seria adquirir a Baidu? Eu lhe responderia: um dia eu pensei nisso. Entretanto. ao analisar as razões do crescimento da Baidu, eu me perguntei: eu gostaria de ver a Google, ou a Yahoo! ou a Microsoft se tornarem “evil”? Certamente, não.
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Tudo depende do ponto de vista…